Suspensão disciplinar | Seus efeitos no contrato de trabalho
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							A suspensão disciplinar é uma das penalidades que o empregador pode aplicar ao empregado em decorrência de uma falta cometida no âmbito do contrato de trabalho, conforme o seu poder diretivo e disciplinar. Está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), embora não haja uma seção específica que a detalhe exaustivamente, sendo sua aplicação decorrente da interpretação dos artigos 2º e 474 da CLT, bem como dos princípios gerais do Direito do Trabalho.
 
Efeitos da Suspensão Disciplinar no Contrato de Trabalho:
A suspensão disciplinar implica a interrupção temporária do contrato de trabalho, com os seguintes efeitos principais:
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	Afastamento do Trabalho: O empregado é afastado de suas atividades laborais pelo período determinado na suspensão. 
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	Não Remuneração: Durante o período de suspensão, o empregado não recebe salários. Os dias não trabalhados em decorrência da suspensão podem ser descontados da sua remuneração. 
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	Perda da Contagem do Tempo de Serviço para Alguns Fins: - O período de suspensão não é computado como tempo de serviço para fins de pagamento de salários relativos a esses dias.
- Pode haver impacto no cálculo das férias. Conforme o artigo 130 da CLT, o empregado terá direito a férias proporcionais com base nos meses trabalhados no período aquisitivo. Faltas injustificadas (e a suspensão é considerada uma ausência injustificada) podem reduzir o número de dias de férias a que o empregado tem direito.
- Em relação ao 13º salário, se o período de suspensão for igual ou superior a 15 dias dentro do mesmo mês, o empregado pode perder o direito a 1/12 avos referente àquele mês.
 
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	Manutenção das Demais Obrigações Contratuais (em suspenso): Embora a obrigação principal do empregado (trabalhar) e do empregador (pagar salários) estejam suspensas, as demais obrigações contratuais permanecem em vigor, ainda que em estado de latência. 
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	Limite de Duração: O artigo 474 da CLT estabelece um limite máximo para a suspensão disciplinar: não pode ser superior a 30 (trinta) dias consecutivos. Uma suspensão que exceda esse período pode ser considerada uma rescisão indireta do contrato de trabalho por justa causa, ajuizada pelo empregado. 
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	Anotação na Ficha Funcional: A suspensão disciplinar deve ser formalizada por escrito e anotada na ficha funcional do empregado, com a descrição clara do motivo da penalidade. Não deve ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). 
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	Possibilidade de Rescisão Indireta: Como mencionado no item 5, uma suspensão excessiva pode motivar o empregado a buscar a rescisão indireta do contrato de trabalho. 
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	Não Impede Demissão por Justa Causa Posterior: Caso o empregado, após retornar da suspensão, cometa nova falta grave, a suspensão anterior não impede que o empregador aplique a demissão por justa causa, desde que a nova falta a justifique. 
 
Importante:
- A suspensão disciplinar deve ser proporcional à gravidade da falta cometida.
- O empregador deve observar os princípios da imediaticidade (a punição deve ser aplicada logo após a ciência da falta), da unicidade da pena (não se pode punir o empregado duas vezes pela mesma falta) e do non bis in idem (não se pode agravar a pena posteriormente pela mesma falta).
- É recomendável que a aplicação da suspensão seja precedida de uma advertência, especialmente em casos de faltas leves ou médias, seguindo uma gradação de penalidades. No entanto, em casos de faltas graves, a suspensão pode ser aplicada diretamente.
 
Em resumo, a suspensão disciplinar é uma medida punitiva que afasta temporariamente o empregado do trabalho, sem remuneração, com impacto na contagem do tempo de serviço para alguns fins, e possui um limite legal de duração, visando a correção de condutas inadequadas no ambiente laboral.
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